Confederação Brasileira de Golfe

Em entrevista, Euclides Gusi faz balanço dos quatro anos de presidência da CBGolfe

06 de novembro de 2020

Atual presidente da Confederação Brasileira de Golfe (CBGolfe), Euclides Gusi se despede do cargo no próximo dia 31 de dezembro, após dois mandatos nos biênios de 2017/18 e 2019/20. O período foi marcado por grandes mudanças em prol da gestão e transparência da entidade, além de conquistas nunca antes alcançadas, como o prêmio Sou do Esporte e o 1º lugar no GET, programa de gestão do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Com isso o site da CBGolfe traz uma entrevista com Euclides Gusi, fazendo um balanço de seus quatro anos à frente do golfe brasileiro. Confira:

Qual foi seu primeiro desafio enquanto presidente da CBGolfe?

Quando entrei para a presidência, a CBGolfe estava organizada de forma amadora. Foi o primeiro desafio, uma vez que o esporte olímpico como um todo está em processo de profissionalização. Se você quer resultados, precisa dar todas as condições aos atletas para que os alcancem e foi isso que buscamos desde o início do trabalho. Primeiro uma comissão técnica foi formada, coach nacional, preparação física e mental. Assim, os resultados começaram a aparecer, e ganhamos a Copa Los Andes. Nosso time masculino estava forte, voltamos a colocar o time feminino entre os classificados, e não dependemos mais dos resultados dos adversários para estarmos na elite.

A questão do Campo Olímpico impactou na sua gestão?

Foram quatro anos de muita intensidade na presidência. E sim, iniciamos a gestão com um enorme problema. Como resolver o Campo Olímpico? Não cabe a uma Confederação gerir um campo de golfe. Fizemos o trabalho da forma mais transparente possível, trabalhando em conjunto com a prefeitura do Rio de Janeiro para que o local tivesse uma administração própria, sem vínculos com a CBGolfe. Passaram-se dois anos e meio até que, finalmente, todo o processo foi concluído. Uma vitória da persistência em fazer sempre o que é correto. O Campo Olímpico de Golfe foi o único legado dos Jogos Rio 2016 que não fechou um dia sequer, totalmente regularizado e aberto ao público.

Como foi a relação com o COB no período?

A relação com o COB foi muito próxima. Em 2018 fui eleito para o Conselho de Administração do COB, papel que estou exercendo até o fim deste ano. Nunca o golfe esteve participando de forma ativa e presencial dentro do Comitê Olímpico do Brasil, buscando sempre mais para o nosso esporte. Ao longo dos últimos quatro anos fomos buscando cada vez mais nos adequar aos novos processos administrativos propostos para o esporte nacional. E o resultado foi justamente nosso primeiro lugar no programa de Gestão, Ética e Transparência (GET), do COB, um caminho sem volta para a excelência na administração.

Quais outras medidas foram tomadas em prol da boa governança?

Veja, o trabalho de quem está dentro da Confederação é em prol dos golfistas e do esporte do golfe. Desde o primeiro momento que estive na presidência, começamos um processo de implantação dos órgãos necessários para atingirmos a excelência necessária. Tribunal de Justiça Desportiva, Conselho de Administração, Conselho Fiscal totalmente independente e eleito em anos diferente da presidência, Conselho de Ética, Comissão de Atletas e Ouvidoria. Todos foram pontos importantes criados para melhor governança do golfe nacional. Nosso estatuto foi modernizado e passamos de um Colégio Eleitoral que tinha quatro Federações com direito a voto a uma Assembleia com todas as sete Federações tendo direito a voto, assim como os representantes de atletas amadores e profissionais, representante dos árbitros e clubes diretamente filiados. Hoje temos 52 votos no total. Isso é transparência e também uma disputa mais interessante, sem benefício a A ou B. Hoje nosso site tem todas as informações necessárias e relevantes em todos os aspectos. Somos a Confederação com o maior número de documentos no portal da transparência. Também mudamos nossa sede, fomos para um espaço mais adequado à nossa realidade, baixamos os custos administrativos de 38% para 18% da nossa receita, sendo que a nova exigência legal é de no máximo 25%. Isso representa mais recursos para o esporte.

Qual foi o resultado prático dessas mudanças?

Os resultados foram inúmeros. Os principais beneficiados foram os golfistas. Mas, para quem está do lado de fora, é mais fácil de ver os prêmios que ganhamos no período: primeiro lugar no programa GET, do COB, e finalista do Sou do Esporte, entidade que premia as organizações  esportivas por sua ética e transparência. Ficamos entre as cinco melhores entidades do País, um reconhecimento nunca antes alcançado pela CBGolfe.

E em termos de competições, o que você destacaria nestes quatro anos de mandato?

O ponto alto no período com certeza foi o título da Copa Los Andes, em 2018, coroando um período de grandes mudanças que promovemos. Mas além disso, promovemos bem nosso principal evento, o Amador do Brasil, com a criação da Taça Elizabeth Nickhorn,  homenageando em vida a maior golfista do Brasil, junto com a Taça Mário Gonzalez, disputada por duplas femininas e masculinas por países. Desta forma colocamos o golfe feminino no mesmo nível do masculino, atraindo para nosso principal campeonato golfistas de toda a América do Sul. Deixo como legado para a próxima gestão também alguns frutos deste trabalho, já que em 2021 teremos a Final Sul-Americana e, também, a Final Mundial do Faldo Series no Brasil.

Falando dos profissionais, voltamos a ter destaque no PGA TOUR Latinoamérica, com a realização de dois eventos por ano circuito. Também conseguimos trazer apoio para nossos golfistas profissionais, auxiliando, por exemplo, o Rodrigo Lee a conseguir uma vaga no Korn Ferry Tour, porta de entrada para o PGA, além do Adilson da Silva, em circuitos sul-africano e asiático. Participamos dos Jogos Pan Americanos em Lima, no Peru, em 2019, com desempenho foi acima do esperado, ficando em sexto lugar com a dupla mista Adilson da Silva e Nina Rissi, e compondo nossa equipe com a Luiza Altmann e o Alexandre Rocha.

Fora das competições, também pudemos promover o curso TPI em dois anos seguidos, em São Paulo, em 2018, e no Rio de Janeiro, em 2019. A ideia sempre foi fomentar o golfe brasileiro.

Seu último ano de mandato foi bastante desafiador. Quais foram as ações realizadas?

Sim, 2020 foi um ano dificílimo, como todos. Tivemos inúmeros torneios cancelados, mas não paramos com o trabalho no escritório. Implantamos a Lei Geral de Proteção de Dados, no backoffice, e finalizamos a contratação da Adidas, fornecedora de material esportivo que vai nos proporcionar uniformes a altura dos nossos atletas. Agora em outubro gravamos um programa sobre a gestão do golfe nacional para o Golf Channel, coroando o trabalho nestes últimos quatro anos. Foram entrevistados atletas, dirigentes e técnicos, e falamos de todos os nossos programas, inclusive os projetos sociais.

Deseja mandar uma mensagem para a próxima gestão?

Concluo meu trabalho desejando muito sucesso a nova diretoria, ao presidente Osmar da Costa Sobrinho, e também muito sucesso aos nossos atletas profissionais e amadores, e a todos envolvidos com nosso esporte. Estarei sempre à disposição, contribuindo, e, principalmente, dando o máximo por nosso esporte.

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