Confederação Brasileira de Golfe

A aula da quarentona grávida

28 de janeiro de 2009

POR GUILLERMO PIERNES*

Os jogadores de fim de semana, estatisticamente com alguns anos e quilos acima do perfil dos astros profissionais, receberam uma aula magistral como jogar golfe altamente competitivo da escocesa Catriona Matthew, quarentona e grávida de cinco meses.

Catriona, grávida da sua segunda filha, conquistou o prêmio de U$ 100 mil do primeiro lugar no evento de exibição HSBC LPGA Brasil Cup, realizado no Rio de Janeiro. A miúda escocesa, exceto a sua temporária barriga, provou que no golfe testosterona em excesso não ajuda, que força tem menos poder que raciocínio e habilidade.

Reafirmou que o putter é o mais importante dos 14 tacos. Embocou tudo. Não foi apenas um bom desempenho num fim de semana. Catriona teve o melhor rendimento do circuito profissional feminino americano com uma media de 1,76 putt por rodada em torneios oficiais, ou seja três putts jamais. Mais informações no portal www.golfnegocios.com

A maioria silenciosa de golfistas maduros, ligeiramente fora de forma e praticantes de fim de semana, recebeu a lição nos gramados do clube Itanhangá. A campeã mostrou que a suavidade do movimento não significa menor distancia para enviar a bola. Suavidade porém com o mesmo ritmo em todas as tacadas. Três tempos para levantar o taco. Um tempo para descer o taco até encontrar a bola no pendulo.

Este colunista acompanhou cada um dos 36 buracos do evento de exibição seguindo a escocesa. Descontração até chegar na bola. Concentração completa ao empunhar o taco, com uma pressão média para não transmitir a tensão aos músculos do antebraço. As munhecas soltas para facilitar a liberação do taco no momento do impacto. Foco total no momento da execução, sempre precedida por uma mesma rotina, a de escolher o taco, fixar o alvo, soltar os braços, fazer um swing de prática e realizar o tiro. Sempre um curto sorriso para celebrar o acerto ou atenuar o impacto da pequena contrariedade. O corpo precisa receber incentivo constante.

No green sempre a consulta com o caddie para poder determinar a melhor trajetória entre aclives e declives, pelo e contrapelo da grama. A observação do green de todos os ângulos, porque as ilusões óticas são comuns e a leitura dos aclives e declives pode enganar ao olhar somente de um ângulo. Humildade para aceitar opiniões. O som da bola batendo no final do copo do buraco quase sempre acompanhou os putts da jogadora européia. Esse som e os aplausos somente faziam levantar a sua mirada fixada na grama na execução do putt, como indicam todos os manuais.

Foi uma valiosa lição para os jogadores com problemas de coluna que não podem arriscar tacadas bruscas. A aula foi brindada por uma quarentona, grávida de cinco meses, jogando pela primeira vez num campo brasileiro, competindo com grandes jogadoras com a metade da sua idade. Deixou em evidencia que os fundamentos do esporte são universais.

"Confesso que fiquei um pouco cansada”, disse a campeã após jogar seis tacadas abaixo do par do campo e levar o prêmio que somou aos U$ 5,59 milhões de dólares já conquistados durante a sua carreira. Quem assistiu ficou cansado de bater palmas.

*Guillermo Piernes é consultor, palestrante e escritor. Colaborador das revistas Golf Digest e Elite Magazine. www.golfnegocios.com

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG.

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