Confederação Brasileira de Golfe

De primeira

07 de julho de 2010

Tenho uma relação curiosa com hole in ones. Em campos oficiais, fiz apenas um, há pouco mais de cinco anos, cujo relato reproduzo no final do texto. Já no campinho do FPG Golf Center fiz três – dois deles com o intervalo de uma semana.

O primeiro ace que marquei no FPG Golf Center foi no ano passado. Eu disputava um match play contra um amigo, Luis Fernando Goes. Estava jogando desconcentrado e sem vontade, até que resolvi me concentrar. Resultado: fiz birdies consecutivos nos buracos 15 e 16, hole in one no 17 e par no 18. Mesmo assim perdi o jogo, mas meu adversário reconheceu que a vitória moral foi minha.

Na semana passada, fui à festa de encerramento do 35º Torneio do Pé Duro, da turma da Associação Paulista de Golfe. Saí pelo buraco 8 e estava jogando terrivelmente mal. Meu cartão já estava pesado no bolso, com + 12 nos primeiros nove buracos. No início da segunda volta – no mesmo buraco 8, ou no 17, como preferir – dei um tiro que foi em direção à bandeira. A bola sumiu. Achamos que ou havia ficado curta ou havia caído no buraco. Não deu outra: hole in one, de chuá. E passei a jogar incrivelmente bem: fiz ainda uns 3 birdies, que aliados ao ace, anularam algumas eventuais bobagens e saí de campo com um total de 12 acima, ou seja, havia jogado par de campo na segunda volta.

Na última terça-feira, dia 6 – uma semana depois do meu ace, portanto – fui novamente ao FPG Golf Center, dessa vez para participar da primeira etapa do 36º Torneio do Pé Duro. E não é que a história se repetiu? Saí pelo buraco 2 e novamente joguei terrivelmente mal. No tee do buraco 12 – depois de ter jogado 10 buracos – eu já estava com + 10. Aí fiz outro ace. Não foi de chuá, mas foi um hole in one. No buraco seguinte, birdie. Resultado: mesmo com um 8 no buraco 18, graças a uma bola para fora, duas papinhas e putters patéticos, terminei a segunda volta com + 3 e com um total de + 13 – nenhuma maravilha, mas o suficiente para me alegrar.

Golfe é mesmo um esporte para lá de fascinante. Uma dica: nunca (nunca mesmo) desanime. Por pior que você esteja num jogo, sempre poderá fazer uma jogada sensacional que o fará perceber que há vida além do double bogey, dos três putters, do shank ou coisas piores. O relato do meu primeiro hole in one ilustra bem isso:

Uma tacada, três troféus

Como jornalista, não sou lá de escrever muitos textos em primeira pessoa. Mas desta vez passa. No final de 2004, escrevi para a revista Estampa, que circula com o jornal Valor Econômico, uma reportagem sobre hole-in-one. Sem dúvida nenhuma, essa é uma das jogadas mais significativas de qualquer esporte que se possa imaginar. Entrevistei algumas pessoas que fizeram a jogada e outras que nunca fizeram, apesar de décadas de golfe. Para tentar dar ao leitor a dimensão da importância do feito, publiquei um dado que garimpei: segundo a National Hole-in-One Foundation, dos EUA, a chance de um jogador amador fazer uma jogada dessas é de 1 em 12,6 mil.

Não sei quantas tacadas em buracos de par 3 dei até hoje nos meus cerca de três anos de golfe, mas o que importa é o que o meu hole-in-one saiu. Foi na sexta-feira 29/04/2005, no buraco 11 do Guarapiranga, com 163 jardas de distância. Estava cercado de amigos e, o mais interessante, de muita gente que entende do assunto, já que estava ocorrendo o Torneio TAM Viagens Hole-in-One Club, voltado para os felizardos que realizaram a tacada no ano passado. Eu estava lá apenas como um invejoso convidado, que nunca havia embocado a bola numa só tacada.

Comecei o jogo pelo buraco 15. Estava jogando mal. Como não via nenhuma chance de voltar para casa com algum troféu, tentava me concentrar nos par 3 para levar algum prêmio de nearest to the pin, mas nem isso estava funcionando.

Aí cheguei no buraco 11. Quem acertasse mais perto da bandeira ganharia três diárias no Blue Tree Park de Mogi das Cruzes. Eu era o primeiro a bater. Olhei para o green e até brinquei: só mesmo embocando, pois a marca do nearest to the pin estava a cerca de um palmo do buraco. Peguei meu ferro 6 e uma ProV1, me preparei e bati. Gostei do tiro. Foi reto, algo raro naquele dia. Sabia que ia parar perto (“oba, talvez um birdie para me animar”, pensava). “Entrou, entrou!!”, começaram a gritar os meus companheiros de equipe. Como assim? Entrou? Sim. Entrou. Quando retirei a bola do buraco, eu já estava tremendo. É. Era um hole-in-one, justamente no dia do torneio do Hole-in-One Club (aliás, uma iniciativa muito lega que citei na matéria da Estampa).

Tremendo, segui até o final do jogo com um par e dois bogeys, que, junto com o hole-in-one, me garantiram mais 15 pontos nos últimos quatro buracos que joguei. Resultado: saí de lá com um hole-in-one para contar para os netos, com uma conta gigante no bar (que felizmente depois será ressarcida pelo meu seguro), com um troféu de nearest to the pin, com estadia no Blue Tree Park, com uma viagem para Buenos Aires e com outro troféu pelo 2º lugar na minha categoria, fora os brindes e um troféu que recebi depois por conta do ace. Ah, e hole in one não dá ressaca…

 

 

 

* O colunista edita a revista GOLFE+ e o www.blogolfe.com.br e dirige a Albatroz Comunicação, agência de notícias e de comunicação especializada em golfe. 

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG

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