Confederação Brasileira de Golfe

O poder do ritmo

04 de março de 2008

O pesquisador John Novosel criou o primeiro método didático para o aprendizado da essência do bom swing: a evolução correta da velocidade do taco

Por Marco Frenette

Jogadores de handicap alto se espantam com a suavidade e fluência dos profissionais. Eles parecem suingar em câmera lenta; e, no entanto, batem com potência e direção. A palavra-chave dessa elegância é o que os americanos chamam de tempo (ritmo). Os pros sobem sem pressa o taco e iniciam a descida com moderação, ganhando uma velocidade dramática à medida em que a face do taco se aproxima da bola – o que explica a potência apesar do swing aparentemente lento. Já os jogadores de fim de semana sobem e descem o taco rapidamente, desacelerando na hora do impacto – o que explica a falta de distância apesar do swing aparentemente potente.

Note-se, porém, que tempo e timing são coisas diferentes. Timing é a sincronização do taco, braços e corpo durante o swing. Se o tempo está errado, o timing fica prejudicado. Noutras palavras, se o jogador faz um bom grip, posiciona-se correta e atleticamente, e inicia o backswing apressadamente, ele destrói toda essa bela construção técnica. A velocidade excessiva tira-o do eixo e descoordena sua movimentação, levando-o a acertar a bola de modo sofrível.

Por outro lado, quem tem um bom ritmo bate melhor na bola, não importando se a postura e grip são impecáveis ou não. A prova disso é que muitos clubes têm pelo menos um jogador de swing ritmado, o qual torna-se folclórico por ter handicap na casa de um dígito apesar das inúmeras deficiências técnicas.

Sendo assim, porque esse elemento tão importante do swing não tem maior destaque entre professores e publicações especializadas? Um dos motivos é a crença geral de que cada um tem seu próprio ritmo, e deve descobrí-lo sozinho, cabendo ao professor ensinar apenas a parte técnica. Bobby Jones dizia aos seus alunos para balançarem o taco no ritmo de uma valsa: um… dois… três! Um para a subida, dois para a estabilização no topo e três para o impacto na bola. Mas ele também escreveu em seu clássico On Golf, de 1966, que “ninguém ainda descobriu como ensinar consistentemente o ritmo”.

Isso começou a mudar em 1980, quando surgiu Tempo – Golf´s Master Key, a primeira obra a tratar seriamente do ritmo no golfe. O livro foi escrito pelo golfista Al Geiberger (o primeiro a quebrar os 60 num torneio do PGA Tour, ao fazer 59 no Colonial Country Club, em 1977) e pelo escritor Larry Denis. Eles deram excelentes definições de tempo, a exemplo dessa: “É a velocidade de seu swing, a qual dá consistência ao conjunto de movimentos, produzindo o timing que é tão essencial para um contato sólido”. Correto e claro como um dia de sol, embora de pouca utilidade prática.

Apenas em 2004 surgiu uma obra que realmente ensina a adquirir ritmo: Tour Tempo – Golf´s Last Secret Finally Revealed. A história desse livro é interessante. Em 2.000, John Novosel, um homem de negócios, inventor e entusiasta do golfe, estava editando um filme com swings da jogadora Jan Stephenson para um comercial. O programa de edição trabalhava com a divisão de 30 frames (quadros) por segundo. Novosel percebeu que o tempo dessa jogadora do LPGA era o mesmo, não importando qual taco estivesse usando: 27 frames para o backswing e 9 frames para o downswing, totalizando 36 frames. Havia nesses frames uma ratio (razão) de 3 por 1 – ou seja, o backswing (do takeaway até o topo do swing) era três vezes mais lento do que o downswing (do início da descida do taco até o momento do impacto).

Animado com sua descoberta, Novosel intuiu que essa razão 3/1 poderia ser uma lei geral do bom swing. Após estudar os frames dos swings dos maiores jogadores do mundo, viu que estava certo. Todos eles, sem exceção, se encaixavam na ratio. Ben Hogan e Colin Montgomerie, por exemplo, têm um tempo de 21/7. Tiger Woods e Michelle Wie, 24/8; e Jim Furyk e Hal Sutton, 27 frames no backswing contra 9 no downswing.

Essa constatação destruiu de vez o mito de que cada jogador tem seu “próprio” tempo. O que cada jogador tem é uma maior ou menor velocidade total, mas sempre respeitando o tempo 3/1, verdadeira lei universal do bom swing. Novosel também provou que os pros variam esse tempo apenas nas tacadas ruins. Ao analisar um drive desastroso de Phil Mickelson, viu que o tempo tinha variado para uma relação de 3.5 para 1. O mesmo ocorre com os drives errados de Tiger Woods, geralmente 3.45 por 1.

Do ponto de vista didático e de compreensão da mecânica do swing, a conclusão mais importante de Novosel é a de que o tempo não é o efeito (resultado) de um swing técnico e com timing, ele é a causa. “Concentrar-se no ritmo é a melhor maneira de se adquirir um swing consistente e repetitivo. Após aprender os fundamentos, a busca do ritmo deve ser prioridade absoluta”, afirma Novosel.

O livro Tour Tempo desdobrou-se em CDs, DVDs e num aparelho tipo pager, o qual emite os sinais sonoros para treino do tempo. O autor garante que quem treinar o “um… dois… três…” para subir e o “um…” para descer e impactar a bola, mudará substancialmente seu jogo. Faz sentido. Afinal, qual jogador de fim de semana já não deu uma tacada suave, eficiente e ritmada; e, por medo de ser feliz, apagou da mente esse estado de graça e voltou a sua brutalidade habitual?

O colunista é escritor, golfista e editor da revista Golf Life.

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