Confederação Brasileira de Golfe

Orgulho Mexicano

15 de junho de 2009

Aos 27 anos, a garota de Guadalajara é a número 1 do mundo. Suas posturas diante do jogo e da vida envolvem sonhos, fé, perseverança e simplicidade

POR MARCO FRENETTE*

Soberana e armada com os imperdoáveis ferros S57 e as macias madeiras G10 e Rapture, ela domina o cenário do LPGA Tour com uma firmeza digna de antecessoras como Annika Sorenstam e Nancy Lopez. Assim como ocorreu com as outras duas grandes jogadoras, a dominação da pequena mexicana não vem acrescida da feminilidade explícita ou do sex appeal de outras famosas do maior circuito feminino de golfe. Ela cativa de outras formas: seu sorriso um tanto tímido e andrógino, seu olhar brilhante, simples e honesto – coisas que apontam para a boa índole de uma jogadora metódica e inflexível em seus objetivos. Sob todos os aspectos, Lorena Ochoa é admirável.

É uma admiração que começa em seu swing cheio de potência e fluidez que a leva a bater drives com distâncias médias de 270 jardas, algumas vezes atingindo as 300 jardas – algo superior às distâncias de muitos homens do golfe de elite. Porém, como ocorre com a maioria das jogadoras, o swing de Lorena sofre de um déficit estético pela necessidade de compensar a menor força física das mulheres. Sua cabeça, por exemplo, tende a fazer um pequeno looping durante a parte final do downswing, evidenciando o esforço máximo do corpo em busca de energia adicional para a hora do impacto. Porém, são apenas detalhes, pois lá estão o tempo e o timing perfeitos, provados pelo vôo bonito e eficiente da bola. E nos seus melhores momentos, seu jogo curto e suas batidas com ferros médios se aproximam da maquinaria de um relógio.

Além de muito treino, talento e perseverança, Lorena tem uma chave especial para o sucesso: “Se você não está bem com sua vida fora do golfe, é impossível jogar bem. As coisas são interligadas, é preciso equilíbrio. E um dos meus pontos de equilíbrio é a minha família. Adoro estar com eles e me sentir participante em uma vida normal e sem estrelismos. Por isso, ainda vivo em Guadalajara, onde nasci e estão meus familiares.” É um equilíbrio necessário para um esporte que exige tantos deslocamentos e dedicação integral. “Jogar um golfe de ponta nunca é fácil, mas o mais difícil foram os dois primeiros anos no LPGA. Quantas noites mal dormidas por conta da ansiedade, quanto nervosismo nos tees de saída. Mas você vai aprendendo a se controlar, vai amadurecendo e ganhando cada vez mais confiança, que é um elemento indispensável para você conseguir dar tudo de si”, explica a campeã.

Porém, de algum modo, a ansiedade e o nervosismo sempre estiveram sob controle. Seus números já eram impressionantes na sua carreira universitária. Na temporada 2001-2002, por exemplo, então com 19 anos, jogou 10 torneios, ganhou seguidamente os 7 primeiros, e, ao fim da temporada, tinha acumulado 8 vitórias e terminado em segundo lugar nos outros dois. Nos dois anos de golfe universitário foram 12 vitórias. Para saber o que isso significa, basta dizer que a recordista de torneios universitários é Juli Inkster, com 17 torneios. Porém, Inkster fez isso em quatro anos, enquanto Lorena acumulou 12 torneios em apenas dois anos; já Nancy Lopez, outra recordista, conquistou 11 torneios no mesmo tempo de jogo de Lorena.

Nesse ritmo, o tempo passou, ela tornou-se a número 1 do mundo, já acumula mais de 13 milhões de dólares em prêmios e 25 vitórias no Tour, incluindo um Major; e agora ensina a filosofia prática que a ajudou a pisar e permanecer no topo. “Devemos ter fé em nossas capacidades, e devemos sonhar grande, e perseverar para dar chances para que esse sonho possa se tornar realidade”.

Essa atitude de perseverança revela a força mental calcada em objetivos claros. No entanto, Lorena crê que sua longa jornada de sucesso estaria comprometida sem sua grande condição física. “Ao acentuarmos a parte mental do golfe, podemos passar a impressão que a parte física é menos importante. Atualmente, para vencer, você precisa ter também o físico em ordem. Procuro me manter em forma durante todo o ano. Gosto de terminar uma partida ainda me sentindo forte e com disposição. Essa é a condição física ideal que devemos buscar.”

De fato, Lorena sempre foi uma moça dedicada aos esforços do corpo e à superação de limites. Ela disputou torneios estaduais e colegiais de natação, voleibol, atletismo, basquete e tênis. Também escalou montanhas e participou de maratonas. “Amo esportes de aventura que me colocam no meu limite mental e me ensina a tirar o máximo de minhas capacidades. Às vezes, penso o que faço no golfe se me sinto tão bem com outros esportes que me exigem mais fisicamente.” Quem sabe? Talvez seja a combinação de uma montanha de dinheiro com os ambientes incomparáveis onde as partidas acontecem; ou, talvez, o golfe seja apenas o lugar onde o bom caráter e o espírito competitivo dessa mexicana se expressa por completo.

* Marco Frenette é escritor, golfista e editor da Golf Life e da revista eletrônica GolfEtc (www.golfetc.com.br)

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG.

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