Confederação Brasileira de Golfe

Os 500 do mundo

23 de março de 2009

Por Marco Frenette *

Os números são surpreendentes. São aproximadamente 30 mil campos de golfe espalhados pelo mundo. Levando em conta que uma pequena parte é composta por campos de 9 buracos, chega-se a estimativa conservadora de meio milhão de buracos. Esse é o levantamento feito pela revista Golf Magazine, a mesma que se atreveu a escolher os melhores deles e enumerá-los no livro Os Quinhentos Mais Famosos Buracos do Mundo. Com textos e avaliações de George Peper e outros editores, essa obra é um interessante mergulho nas particularidades topográficas, estilísticas e psicológicas que influenciam na maneira como avaliamos as facilidades e dificuldades de um buraco.

O que mais impressiona nesse livro de 450 páginas é justamente essas abordagens multidisciplinares. Os autores realmente refletiram sobre os mais variados aspectos que fazem um buraco ser superior a outro, e fornecem longas análises em estilo literário com algumas pinceladas poéticas, tudo em meio a informações técnicas e históricas.

Não é um mero compêndio, é uma obra onde há reflexão, opinião e clareza intelectual.
Naturalmente, um livro desses só poderia começar com uma introdução que define o que faz um grande buraco. A primeira definição de Pepper é tão bela quanto genérica: “Invariavelmente são a aliança da técnica e da arte, do homem e da natureza, da tradição e da heterodoxia, teimosia e compromisso, gênio dedicado e lances de sorte”. Depois, ele enumera algumas qualidades comuns a todos os grandes buracos: “A primeira delas é um elemento de estratégia, a capacidade do buraco nos atrair e dizer: Joga-me desta forma”.

Outra qualidade óbvia é aquela que torna o buraco mutável de acordo com o nível do jogador. E Pepper cita Alister Mackenzie: “Deve ser agradável para o maior número de jogadores. Deve conceder uma oportunidade justa e ao mesmo tempo exigir o máximo de quem busca jogar abaixo do par”. Já Robert Trent Jones Jr. foi mais sucinto: “Todo buraco deveria ser um par exigente e um bogey confortável”. O grande exemplo nesse sentido é, claro, o famoso buraco 13 do Augusta National, um par 5 com dogleg a direita que permite chegar em duas no green se você for alguém do PGA, ou três com segurança e sem heroísmos, desde que bata bem na bola.

Também se levou em conta um importante aspecto psicológico e emocional: os grandes buracos devem parecer mais difíceis do que realmente são. Eles devem intimidar os mentalmente mais fracos, ao tempo em que gratifica os que vêem as coisas com menos temores.

Nesse quesito, nenhum campo supera Pine Valley, a exemplo de seu buraco 13, par 4, com seus barrancos arenosos e mato, formando uma aparência de algo que existe apenas para machucar. Mas tem outros terríveis de se olhar quando o torneio está em jogo, a exemplo do buraco 15 do Cypress Point, um par 3 curto, mas com crateras e bunkers que se assemelham a bocarras de monstros abissais. Os grandes designers sabem que a imaginação infantil e assustada do golfista não tem limites – e esse medo irracional tem de ser explorado para o bem do aprimoramento golfístico.

Em tal levantamento não poderia ficar de fora um critério digamos, extra-campo, que é a grife dos designers. Aqueles que levam assinaturas pesadas como a de Jack Nickalus, Tom Fazio e Mackenzie acabam ganhando de outros buracos igualmente bons, mas cuja marca ainda não atingiu o coração dos golfistas. Seja como for, quem há de negar a beleza e superioridade de suas criações, tais como o Augusta National, o Cypress Point e o Cabo Del Sol? Mas há também aqueles cujos arquitetos são simplesmente desconhecidos, como é o caso do mítico Old Course de St. Andrews, que talvez tenha sido desenhado diretamente por Deus, num dia de especial vontade punitiva contra a espécie que tanto ama.

Entre os buracos escolhidos não estão apenas os ilustres onde todo golfista sonha jogar. Há o obscuro buraco 7 do El Rincón, em Bogotá; e o 9 do Royal Dar-Es-Salam, em Marrocos. Mas, mesmo aqui, vem a grife, pois ambos foram desenhados pelo merecidamente badalado Robert Trent Jones Jr.

Uma lista dos 500 melhores buracos permite que haja a lista dentro da lista que traz mais outra e outra lista. Há ainda os 100 melhores, depois os 18 melhores e os melhores dos melhores. E depois, para completar, há mais uma penca de mini-listas, incluindo “Os buracos mais belos”, “Os buracos mais difíceis”, “Os buracos mais estratégicos”, “Os melhores buracos oceânicos”, “Os melhores buracos links”, e assim por diante. É um livro rico e embriagante. E como o assunto são listas, terminemos citando os 18 melhores que abrem o livro. Pares 3: o 4 do Banff Springs (Canadá); o 15 do Cypress Point (EUA); o 4 do National Golf Links (EUA); o 17 do Tournament Players Club (EUA); o 11 do Old Ballybunion (Irlanda). Pares 4: o 5 do Bethpage State Park (EUA); o 16 do Merion (EUA); o 5 do Mid Ocean Club (Bermudas); o 13 do Pine Valley (EUA); o 9 do Royal County Down (Irlanda do Norte); o 6 do Royal Melbourne (Austrália); o 17 do Old Course em St. Andrews (Escócia); o 14 do Shinnecock Hills (EUA); 0 12 do Southern Hills (EUA). Pares 5: o 13 do Augusta National (EUA); o 6 do Carnoustie (Escócia); o 3 do Durban (África do Sul); o 18 de Pebble Beach (EUA).

Para Saber Mais
Os 500 Mais Famosos Buracos do Mundo, por George Pepper e os editores da Golf Magazine (Edições Inapa, Portugal). Esgotado, mas disponível em livrarias de usados.

Marco Frenette é escritor, golfista e editor da Golf Life e da revista eletrônica GolfEtc (www.golfetc.com.br)

O ponto de vista dos colunistas não expressa necessariamente a opinião da CBG


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