Confederação Brasileira de Golfe

A criança e o golfe

07 de março de 2007

Depois de participar de sete competições Sul-Americana Juvenil e Pré-Juvenil, algumas perguntas começaram a habitar meus pensamentos. Como preparar jovens para um campeonato tão importante? Qual a faixa etária em que as competições devem ser valorizadas por (e para) eles? Existe uma relação entre a expectativa e o rendimento dos pequenos golfistas?

Caminhando pelos campos de golfe durante estes anos, pude observar um fato muito interessante para incorporar a esta discussão. Percebi que muitos meninos e meninas (principalmente estas) dos países mais diversos, em lágrimas no decorrer do jogo; alguns choravam muito, outros mais discretamente. Em menor quantidade, havia aqueles em que se percebia o choro preso em seus rostos. O que pode estar por trás deste comportamento?
Choravam porque tinham errado uma tacada? Choravam porque tinham tido um escore muito alto? Não sei, mas talvez possa afirmar que choravam, porque criaram uma expectativa muito maior do que podiam e que não foi concretizada, assim sendo desestabilizaram-se emocionalmente por uma pressão interna.

Todo momento esportivo eleva o nível de ativação, criando um stress que é peculiar de qualquer esporte. No golfe, modalidade esportiva individual e de grande apelo mental, a pressão psicológica aparece numa escala ainda maior. Por isso, a entrada dos pequenos jogadores e jogadoras neste mundo esportivo deve ser acompanhada com muita seriedade. Os “agentes educadores” (pais, treinadores, dirigentes, psicólogos esportivos, preparadores físicos, etc) têm um papel fundamental neste processo, desta maneira, entender a importância da ludicidade na formação do golfista infantil é o início da preparação para enfrentar as grandes competições futuras.

A evolução da palavra “lúdico” acompanha as pesquisas em psicomotricidade, sendo hoje reconhecida como um traço essencial da psicofisiologia do comportamento humano. O lúdico é uma das necessidades básicas da personalidade, do corpo e da mente, baseando-se na espontaneidade. Desta forma, o golfe deve ser uma modalidade esportiva escolhida de acordo com as necessidades, desejos e características da criança, com a intenção de ajudá-la a realizar seu movimento de auto-expressão.

Depois destas primeiras análises podemos apresentar algumas questões concretas. Os torneios e campeonatos devem funcionar como aprendizagem; uma aprendizagem cognitiva, motora, social e emocional. A criança deve acostumar-se a jogar com outras crianças e socializar-se. Deve vivenciar as dúvidas quanto ao taco que poderá usar em determinada jogada, sentido seu peso, cheiro e forma. Deve andar pelo campo de golfe, aprendendo a olhar e perceber os fairways, greens e anexos (árvores, bancas, etc). Deve descobrir que o seu swing é um movimento corporal somente seu, único e especial e com o tempo será aprimorado. Esses devem ser os pontos prioritários nesta fase inicial; secundariamente, surgirá a questão do escore e handicap.

Nesta fase inicial, o golfe deve ser encarado como uma “brincadeira” que possui regras, assim como os jogos infantis populares: queimado, pique-bandeira, futebol de rua, amarelinha e outros. Quem tem dúvida de que os jogos infantis populares, em todos os povos e culturas, são sempre bem recebidos por crianças, jovens, adultos e idosos?

Quando o menino ou menina começar a valorizar o seu resultado, então, a competição será enfrentada por ele (ou ela), agora como significante. A criança vai amadurecendo, pois escolheu o seu desejo e pretende realizá-lo, não havendo um desejo imposto. Essa opção fará uma diferença fundamental a partir deste momento.

O lúdico, enquanto movimento satisfatório, está no cerne do esporte. Esta dimensão é principalmente importante na vida do atleta que pratica esporte competitivo: quando ele perde a alegria de jogar, sua atividade desportiva perde em rendimento e ele perde em felicidade, passando a perceber-se como um mero participante do jogo. Se manter a alegria de jogar é importante para o atleta adulto, é ainda mais significativo para o jogador infantil. O primeiro mandamento, para o preparo psicológico do competidor infantil, é fazer todo o possível, constantemente, para cultivar na criança a felicidade do jogar. Talvez esta seja a única maneira humana de se ajudar um competidor na fase inicial da sua jornada esportiva.

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