Confederação Brasileira de Golfe

Henrique Lavie fala com exclusividade sobre o golfe no Brasil

16 de dezembro de 2005
Henrique Lavie, o principal dirigente do Tour de Las Americas (TLA), fala sobre a evolução do golfe no continente americano e as perspectivas do esporte no Brasil.
 
CBG – Como o senhor vê a evolução do golfe na América Latina?
Lavie – Ela tem sido lenta e complicada, mesmo assim, muito positiva. Hoje, o Tour de Las Americas é conhecido mundialmente e reconhecido por outros tours e entidades ligadas ao golfe. Digo que tem sido lenta porque o processo é difícil, a economia na América Latina é complicada, deficitária e não demonstra a verdadeira qualidade dos jogadores que temos.
 
CBG – A que se deve esse fato?
Lavie – Hoje não temos prêmios (torneios) suficientes para que todos possam participar. Precisamos criar mais competições de expressão para identificar novos e melhores jogadores. Por outro lado, é um tema político, pois temos que nos relacionar com todas as federações e isso, às vezes, é complicado. Em muitos lugares temos que nos concentrar nos abertos nacionais, como é o caso do Aberto do Brasil, para termos essa possibilidade de descobrir novos talentos.
 
CBG – Qual o papel das federações e confederações?
Lavie – Em alguns casos, como acontece nas federações, a evolução tem sido de forma mais lenta, pois depende da forma de organização de seus campeonatos. O que podemos oferecer é uma ajuda, um espaço no calendário do Tour para podermos deixar cada vez mais forte os campeonatos de cada país. Acreditamos que com essas ações temos cooperado com as federações nos últimos dois anos.
 
CBG – E os jogadores juvenis?
Lavie – Hoje em dia os jogadores juvenis, de 16 e 17 anos, querem se tornar profissionais. Este fato revela que o Tour desempenha uma função importante, porque ao participar durante quatro ou cinco anos eles podem perceber se são bons jogadores e assim ascender a um torneio mais importante. Caso contrário, esses jovens podem se tornar espectadores ou trabalhar em outras áreas do golfe. Acredito que seja uma obrigação, tanto das federações quanto da PGA e do Tour trabalharem juntos para ajudar esse jovem a encontrar o seu caminho.
 
CBG – Qual a principal diferença entre a estrutura brasileira e argentina?
Lavie – Acredito que não seja um problema técnico e sim matemático. Na Argentina existem 300 campos de golfe e aproximadamente 500 profissionais, dos quais cerca de 200 participam do Tour profissional argentino e por esse motivo se tornam protagonistas do Las Américas. O Brasil, sendo um país tão grande, possui poucos campos de golfe, aproximadamente uns 105, entre público e particular. Hoje, vários empreendimentos hoteleiros já possuem espaço para a prática do esporte e assim possibilitam a realização de mais torneios, mais um estímulo para os jogadores profissionais se desenvolverem.
 
CBG – Em quanto tempo o Brasil pode se considerar forte no golfe?
Lavie – Creio que nos próximos anos vamos acompanhar uma evolução muito grande no Brasil, tornando-o uma potência no golfe como é no futebol. Só que essa evolução deve ser conduzida com cuidado, com muito profissionalismo e com a organização correta de campeonatos, para que aja um intercâmbio com esportistas internacionais e a melhora dos praticantes locais. Vejo o Brasil se tornando uma referência no esporte nos próximos dez anos, tanto em nomes de jogadores como em locais para a sua prática.
 
CBG – Em sua opinião, qual jogador brasileiro pode se comparar aos melhores do mundo?
Lavie – Vários. Philippe Gasnier e Alex Rocha são dois jogadores muito bons que têm cumprido excelente campanha. Precisam disputar mais campeonatos internacionais, só dessa maneira podem demonstrar o verdadeiro talento. Outros nomes também têm possibilidades de despontar, como Ruberlei Felizardo e de outros tantos jogadores brasileiros. É preciso revolucionar os profissionais sem esquecer dos amadores, e é essa combinação que vai revelar grandes nomes no Brasil. Um jogador que desponta hoje sem receber o devido apoio pode sumir amanhã.
 
CBG – Como você avalia o trabalho da Confederação Brasileira de Golfe?
Lavie – Eu penso que a CBG tem feito um trabalho muito positivo, ajudando as federações locais. O Brasil é um dos poucos no continente que possui federações locais fortes, como é o caso da Federação Paulista, Federação do Rio de Janeiro e do Paraná, que demonstram uma descentralização muito importante para o crescimento do esporte. Por outro lado, acredito que ainda há muito trabalho. Como muitos campos pertencem a complexos hoteleiros, acho que a Confederação deve buscar mais parcerias e mostrar aos hotéis que o golfe pode ser uma forma de turismo.
 
CBG – O que pode ser melhorado no Aberto do Brasil?
Lavie – O Aberto do Brasil é muito bom para demonstrar a força de organização e de atuação da Confederação dentro do cenário nacional. Há vários fatores que melhoram uma competição, como aumentar a bolsa (prêmio pago aos participantes), qualidade da organização e conseguir agregar o Challenge Tour, que pode ajudar a abrir as portas do Tour Europeu.
 
CBG – Qual a contribuição do Aberto do Brasil para evolução do golfe?
Lavie – É o principal torneio do Brasil. Tem que ser assim e vislumbrar um crescimento cada vez maior. O próximo passo é uma participação mais efetiva dos veículos de comunicação, principalmente as TVs, para criarmos uma ampla engrenagem de repercussão ao Abeto. Penso que qualquer jogador do mundo que tenha em seu currículo um titulo tão importante como esse pode se considerar pronto para alçar vôos maiores.
 
CBG – Quais os projetos do Tour de Las Américas para o próximo ano?
Lavie – No momento estamos focados nas federações e confederações locais, pois isso dará muita consistência ao Tour. Os abertos da Venezuela, Brasil, Porto Rico, Costa Rica e Peru são muito importantes para o fortalecimento do esporte em todo continente americano. E o Challenge Tour é a porta para os jogadores ingressarem na Europa. Em 2005, dos 20 jogadores que se classificaram automaticamente para o Tour Europeu, cinco eram do Tour de Las Américas (quatro argentinos e um paraguaio). Isso mostra a existência de potencial, ainda que tenhamos que consolidar a realização do Challenge. Mesmo não possuindo bolsas milionárias como as que são pagas no Tour Europeu e nos Estados Unidos, podemos dar aos jogadores oportunidades de crescimento em suas carreiras e aprimoramento de jogo antes de enfrentar desafios maiores na Europa e América.
 
CBG – Falta muito para termos um campeão à altura de Tiger Woods?
Lavie – É complicado responder. Isso depende de como está o atleta naquele ano ou jogo. O próprio Philippe Gasnier tem potencial, mas acredito que o mais importante é que o Brasil consiga ter jogadores no PGA Tour e no Tour Europeu. Só isso pode mostrar o resultado do trabalho que vem sendo desenvolvido por aqui. A qualquer momento um jogador pode despontar e conseguir o seu espaço no cenário mundial. Costumo dizer que o surgimento desse nome de expressão vai se dar muito rápido, dentro de uns dez anos, mais pode acontecer antes disso.
 
 

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