Confederação Brasileira de Golfe

John Byers fala da importância do árbitro em uma partida de golfe

02 de março de 2006
Muitos não sabem mas no golfe, assim como no futebol, existe a figura do árbitro. Para ajudar a entender a função do juiz em uma partida de golfe, conversamos com John Bayers (foto – camisa amarela), assessor do departamento de regras da Confederação Brasileira de Golfe. John é irlandês, tem 55 anos de idade, joga golfe há 40 anos e atua como árbitro há dois anos. 
 
1) O que é preciso para se tornar um árbitro de golfe?
 Para ser árbitro oficial é necessário ter assistido o curso de arbitragem ministrado pelo R&A (Royal & Ancient Golf Club of St. Andrews) e ter passado na prova escrita obtendo nota mínima de 60%. Em março de 2004 o R&A organizou o terceiro curso com aproximadamente 90 participantes, apenas quinze passaram na prova. Além da aprovação no curso, considero necessário ser aficionado de golfe em geral, ser dedicado, manter-se atualizado e ter tempo e disposição para passar três ou quatro dias seguidos assistindo aos principais torneios válidos para os rankings nacionais e/ou estaduais. Assim seria bom ter paciência e um bom senso de humor.
 
2) Existem cursos no Brasil?
 Atualmente existe somente o curso ministrado pelo R&A, mas a CBG está estudando a possibilidade de nacionalizar o curso e formar árbitros credenciados pela entidade. A tarefa é grande considerando que o livro de Decisões tem aproximadamente 750 páginas (que precisam de tradução para o português). A última versão 2006/2007 saiu em janeiro deste ano e encontra-se em fase de tradução.
 
3) Qual o custo e duração do curso?
 É cedo demais para discutir custos e imagino a duração em torno de dois dias. O curso seguiria o padrão estabelecido pelo R&A e teria uma prova escrita.
 
4) Qual o papel do árbitro na partida?
 O árbitro existe para assegurar o cumprimento das regras de golfe, ajudar a resolver dúvidas na interpretação destas regras e tentar garantir o bom andamento do jogo coibindo o jogo excessivamente lento e demorado. Vale ressaltar que o golfe é principalmente um jogo de auto-fiscalização onde é de responsabilidade de cada jogador saber as regras e aplicá-las. O árbitro fisicamente não pode estar onipresente num torneio com 120 jogadores e assim cabe ao jogador, e aos outros jogadores do mesmo grupo, aplicar as regras na medida do possível.
 
5) Fale um pouco de sua experiência na função
 Meu batismo de fogo aconteceu em junho de 2004 em Curitiba arbitrando sozinho a etapa local do antigo Diners Tour (circuito do ranking nacional) para jogadores profissionais e amadores. Com campo encharcado, um frio polar e chuva intermitente, mas apesar das condições adversas e principalmente devido ao comportamento dos jogadores, o campeonato seguiu sem grandes polêmicas. Ajuda muito ter um campo bem marcado, onde os limites e os hazards (azares) encontram-se claramente definidos e com regras locais precisas; por exemplo, no Alphaville Graciosa – PR, existem estradas para os carrinhos de golfe e áreas de proteção ambiental – sem uma definição adequada do procedimento a ser seguido nas regras locais podem surgir dúvidas, questionamentos e atrasos – todos evitáveis com regras locais claras e precisas.
 
Recentemente tenho arbitrado em todos os Estados do Brasil, desde torneios sul-americanos até torneios juvenis, e cada vez fico maravilhado com a diversidade da natureza brasileira, a qualidade dos campos e as melhorias nos níveis de jogo.
 
6) Conte uma história curiosa, briga ou engraçada que tenha acompanhado
Recentemente estava arbitrando um torneio pre-juvenil no Estado do Rio de Janeiro. Um jogador mirim não embocou a sua bola num determinado buraco porque seu adversário falou que seu putt estava "dado". Assim que avisado, corri (de carrinho) atrás do menino que a esta altura já estava no meio da raia do buraco subsequente, falei para ele que teríamos que voltar para o green do buraco anterior porque num torneio por tacadas não existe putt dado, etc. Ele estimou a localização de sua bola e embocou diretinho. No caminho de volta ele perguntou de onde eu era. Expliquei que morava em São Paulo. "Poxa, o senhor deve demorar muito para dirigir de São Paulo neste carrinho". Obviamente adoro arbitrar nos torneios juvenis e pré-juvenis.
 
7) Qual a relação entre jogador e árbitro?
 Espero que os jogadores enxerguem o árbitro como um aliado, um assessor de regras e alguém que esteja ajudando a manter o bom ritmo do jogo (em termos de tempo). O árbitro não existe para aplicar penalidades para todos os lados. São raros os casos em que tive que aplicar penalidades – porém não admito atos de indisciplina do tipo enterrar a cabeça do taco no green depois de um putt curto e errado e apliquei penalidade financeira a um jogador profissional exatamente por isso. Em outra ocasião tive que desclassificar duas senhoras argentinas por repetidamente colocar suas bolas em cima de tee em áreas de drop!  Repito que a maioria das intervenções estão para esclarecer dúvidas sobre as opções do jogador.
 
8) Por que decidiu ser árbitro?
 Nunca decidi ser árbitro – fui convidado a participar de um curso de regras no Hotel Transamérica em São Paulo em março de 2004, passei na prova e alguns meses depois coloquei meus conhecimentos em prática. Em 2005 fui convidado a participar ativamente da CBG e futuramente quero colaborar ainda mais para assegurar uma melhoria do conhecimento das regras por parte dos jogadores e outros interessados neste jogo que tanto amamos.
 
 

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